domingo, 23 de maio de 2010

CARTA PARA MIM

Eu tenho algumas poucas coisas para te dizer
Espero que não seja tarde demais para as falar
Talvez elas me façam amadurecer e crescer
Mesmo que nunca venham pretensiosamente a te tocar

Vou logo dizendo que não sou poeta, nem orador, muito menos trovador
Apenas agrada-me brincar com as palavras quando elas aparecem no ar
Não pense igualmente que sou mestre, guru ou professor
Sou apenas alguém igual a ti com algumas palavras para passar

E te digo então que as lágrimas que vertem quentes
Dos seus olhos inflamados e que te queimam a face
Não são desprovidas de profundo significado e de razão ausente
Nem papel velho que se descarte, queime ou amasse

São elas avisos da vida para que tomes novo rumo
E sacudas a poeira que permanece acinzentando o seu corpo
Estímulos para que renasças como flor em meio ao lodo
E acertes aquilo que em sua existência permanece feio e torto

Um dia você olhará para trás e dirá
Que é feliz por ter encarado as lágrimas de maneira diferente
E por ter continuado a caminhar e a amar se alegrará
Quando tudo te estimulava a perecer e a murchar na mente

Mas quantas palavras bonitas a aparecer na boca de um ignorante!
Como se eu fosse bom o suficiente para alguém orientar e aconselhar
Percebo então que não são minhas ou para você que elas vão adiante
Mas é Deus me dizendo para que as use urgentemente para me endireitar

Bruno Gomes.
24/05/2010

domingo, 9 de maio de 2010

BATE PAPO COM JESUS



- Olá, bom dia Bruno!
- Oi! Caramba, você se atrasou hoje, hein?
- Me desculpe. É que são muitas pessoas para atender. Você entende, não é?
- É verdade. Ser o Governador da Terra não deve ser lá tarefa das mais fáceis.
- Pois é, não é realmente. Mas mesmo depois de 2.000 anos de trabalho eu não penso em me aposentar!
- Graças a Deus! Já pensou? Se você se aposentasse, o que seria de nós?!? Se com você por aqui as coisas já são como são, imagine sem você. Ademais, não pense que eu esqueci o que você falou em Mateus 20-28: que estaria sempre conosco "até a consumação dos séculos".
- Não se preocupe, afinal essa é a minha intenção.
- Ainda bem. Ademais, você nem ouviu o que eu tenho pra te contar.
- É mesmo. Vamos lá, me diga. Qual o motivo de você ter me ligado assim e marcado aqui na praça de última hora?
- Bem, é que ando meio triste. Às vezes eu penso se sou realmente digno de todo o seu amor...
- Como assim? Por que você está dizendo isso?
- Porque eu não consigo vivenciar o que você nos legou em toda a sua plenitude.
- Por quê? Você acha muito difícil viver de acordo com o que eu lhe ensinei?
- Afff, nem te conto... Perdoar os inimigos, dar a outra face quando uma for batida, esquecer as ofensas 70 vezes 7 vezes, retribuir o mal com o bem, dar dois mil passos quando alguém quiser dar mil, ter uma fé que transporta uma montanha, entrar pela porta estreita, orar e vigiar, multiplicar os talentos recebidos, arrancar o olho quando ele for motivo de escândalo, entre outras coisas mais. Puxa, cansa só de pensar em tudo!
- Mas recorde-se que não foi fácil nem para mim. Eu fui perseguido, caluniado, incompreendido... E ainda por cima terminei crucificado, lembra?
- Ah, mas você é O cara! Eu não sou o cara...
- (risos)
- É sério pô! Você é você, eu sou eu. Pra eu viver o nível de amor que você viveu, só daqui a, sei lá... milhares e milhares de reencarnações!
- Mas o simples fato de você se sentir tocado pela mensagem, quando antes você nem a dava atenção, já é um grande passo.
- Pode ser. Mas fico triste, pois eu sei que poderia amar mais, perdoar mais, ajudar mais, ser mais útil, ser mais caridoso... e mais um monte de coisas que você ensinou.
- Não seja tão exigente com você. A perfeição não virá de uma hora para a outra.
- ...
- Há quanto tempo você se tornou espírita e conheceu melhor a minha doutrina?
- Hum... Me tornei espírita aos 21 anos.
- Pois bem. Não faz nem 10 anos que você descobriu os meus ensinamentos e já quer que um par de asas brancas e luminosas nasça em suas costas!
- Ah, mas os seus discípulos foram chamados e imediatamente atenderam. E se tornaram grandes apóstolos do bem!
- Ai, ai... Você que pensa. Você não sabe o trabalhão que eles me deram. E eu nem preciso te lembrar que um me traiu e outro me negou, certo?
- Mas o Estêvão e o Paulo? Estêvão quando descobriu o evangelho de Levi na Casa do Caminho com o Pedro e o Paulo quando encontrou você no Caminho de Damasco se tornaram grandes missionários! A mudança foi imediata!
- Mas recorde-se que Estevão já era a bondade em pessoa desde antes. Paulo já era disciplinado desde a sua época como doutor da Lei.
- Mas eu estou sentado com você num banco de uma praça, coisa que você não fez com nenhum deles, e ainda assim eu não consigo. Além disso, há outros exemplos na história de pessoas que receberam o seu chamado e...
- Calma. Perdoe-me a interrupção. Mas agora chegou a minha hora de dizer: eles são eles, você é você!
- Ah, assim não vale! Você roubou a minha frase!
- Mas é verdade! Cada um com as suas necessidades, cada um ao seu tempo. Com isso não digo que você seja acomodado. Se esforce pela sua melhoria moral e pelo seu crescimento espiritual! Mas não faça da vivência da minha doutrina um tormento íntimo, perdendo a espontaneidade no seu comportamento e mantendo uma conduta extremamente policiada. Há atitudes suas cultivadas há várias existências. Não será uma questão de dias, semanas e meses que fará com que você as supere.
- Eu me esforço tanto. Quem ver o meu exterior transbordando serenidade e sorrisos nem desconfia das lutas contra as imperfeições que travo interiormente.
- E eu conheço todas essa suas batalhas. E esse é o bom combate. Descobrir os defeitos, reconhecer eles e lutar por vencê-los, paulatinamente e sem culpas. Dia a dia, se esforçando por ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje.
- Mas esse é o problema! A falta de linearidade no progresso. Tem dias que eu sou melhor do que o dia anterior. Mas um dia depois eu faço algo e já sou pior do que a semana toda!
- Como você mesmo diz: só o Pai! (risos)
- Mas que situação essa minha, né?
- Essa é a situação de milhares de discípulos meus que aderiram sinceramente a Boa Nova. A vontade é tão honesta, que os pequenos insucessos geram insatisfação. Eu compreendo. Mas ame: esse é o melhor conselho.
- Você fala como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo, né?
- Mas eu nunca disse que seria fácil. Eu disse que valeria a pena.
- Eu tento, tento. Mas...
- Lembre-se do meu Calvário. Antes de chegar ao cume do Gólgota eu cai três vezes, pois o peso do madeiro era imenso, fora os ferimentos que eu tinha pelo corpo desde o Getsêmani e o cansaço físico. Mas me reergui nas três oportunidades, demonstrando que o problema não é tropeçar e sim não levantar-se e permanecer no chão. Viu? Tudo na minha vida pode te dar um ensinamento. Ademais, eu contei ainda com a ajuda valiosa de Verônica e do Cirineu.
- É, eu sei...
- Não há outra alternativa a não ser seguir em frente. Errar aqui, acertar ali, até que o ato positivo se torne tão constante e natural que se transforme em um automatismo benéfico. Você já sabe o caminho. A rota é clara. Você deu o primeiro passo. Agora é só não se deixar desestimular pelos malogros e sim aprender com eles. Seja o sal da terra: esteja no mundo para influenciar positivamente o mundo!
- É o que tenho me esforçado por fazer... Espero que dê tudo certo.

Primmmmm!

- Ups, desculpa Bruno.
- O que foi isso?
- É o meu celular.
- Puxa, você não podia ter colocado ele no silencioso enquanto conversávamos?
- Mas não posso. Esqueceu que eu sou o Governador da Terra? É uma chamada de outra pessoa para conversar, em outro banco de praça, em outro lugar do mundo.
- Ah, tá. Posso saber de onde é essa chamada?
- Claro que sim. É de um rapaz da Nova Zelândia. E nem te conto qual é o problema dele.
- Qual é?
- Não quer adivinhar?
- Ah, eu não sou o Cristo pô!
- (risos)
- Fala aí.
- O problema dele é o mesmo que o seu.
- Fala sério!?!
- Pois é. Mais alguém que não consegue vivenciar os meus ensinamentos na sua totalidade e se angustia por isso.
- Então tá, vai lá que eu não quero te atrasar. Converse com ele direitinho, pois eu sei o que ele está sentindo nesse momento, ok?
- Pode deixar. Promete que vai deixar essa tristeza para trás e pensar em tudo que te disse?
- Claro, vou sim. Tenho que aproveitar a nossa conversa, afinal não é a qualquer momento que converso assim com você!
- Muito bom! Vou indo.
- Espera! Antes de você ir posso te dizer uma coisa?
- Claro! O que foi?
- Obrigado por tudo. Obrigado pelo seu amor e por sua presença constante em minha vida. Não sei o que seria de mim sem você. Obrigado por ter nos deixado tantos ensinamentos que nos confortam e consolam sem cessar. Perdoe os meus muitos erros e me desculpe por apenas pedir coisas sempre, quando na verdade eu deveria agradecer pelas bênçãos inumeráveis que você me oferece diariamente. Perdoe a minha imaturidade, a minha infantilidade e as minhas teimosias. Obrigado pela minha família, pelos meus amigos e tudo o mais.
- Ah, não precisa agradecer!
- É sério. Eu amo tanto você. Queria apenas que você soubesse disso. Em verdade, em verdade te digo: você é muito importante na minha vida!
- Ah, agora foi você que roubou a minha frase!
- Foi mal! (risos)
- Valeu Brunão! Fui.

Bruno Gomes.
09/05/2010