sábado, 31 de outubro de 2009

A VENERANDA JOANNA DE ÂNGELIS



Princesa espiritual das terras do Sul
Brilhava solene à luz do sol
Com a sua presença iluminada qual o céu azul
Cintila estrela de escol (****)

Manto alvo e branco sobre sua testa
Ouro em pó no cabelo dela
Qual flor que desabrocha dourada na floresta
Joanna, a mais bela

Junto às quedas, Ângelis
Pés descalços na água clara e fria
Canta sua voz de prata lá no céu
Rebrilhando do Alto ela descia

Um imperador déspota em Roma outrora houvera
Senhor de terra e planta
Joanna flutuou do fogo à glória calma e plácida
Em prova divina de amor que encanta (*)

Heroicamente perante soldado e lança se ergueu
Vontade rígida e inabalável de servidora sábia e dedicada (***)
Do amado modelo, o celeste Mestre seu
Das ardentes chamas romanas voou delicada (*)

Firme e determinada qual montanha, sob o escudo do ideal
Olhos amáveis e triunfantes, transbordantes de amor
Exteriorizando paz e piedade em mão maternal
As labaredas inflamantes da hipocrisia não a causam dor (*)

Dança pura e leve qual pluma e pétala na primavera
Alva pena, folha verde, grão de areia e orvalho
Perante ignorância e indiferença não se abate
Anda por caminhos áridos e não vê atalhos

Palavra que encoraja a tirar do Espírito o limo
Trás claridade aos cegos e música aos surdos
De admiráveis versos plantados no Novo Mundo (**)
À mágica odisséia no Além-Túmulo (****)

Raro diamante espiritual
Lapidada pelo calor de antigo império (*)
Fronte religiosa aureolada
Majestosa em seu sagrado ministério

Cavalga vívida sobre os ventos do Evangelho
Teu semblante resplandece coroado em raios de luz
Pacificado sobre o teu afável colo agora renasço
Joanna, angélica obreira de Jesus

Fervorosa cristã, não obstante obstáculos à sua frente
Em sombras palpitantes de um dia
Grandiosamente fortalecida na fé Daquele
Que um dia cantou ao seu ouvido doces melodias

Sussurrando suaves bênçãos sempre está
Qual maré espumosa e ondas arfantes do mar
A sua beleza que maravilha; a moral que intimida
Joanna para sempre em minha mente vagará

Mulher integral, mensageira angelical do Além
Missão de renovação, o Consolador, posta em ação (****)
Arauta fiel, marcha sob a bandeira da verdade e do bem
Encontra estradas tortuosas até o meu coração

Vem pois, Veneranda Joanna
Amparar-me em meu tormento
E sob os trovões e tempestades do caminho terrestre
Da minha boca não sairá um só lamento

Bruno Gomes.

- Referências às reencarnações da Veneranda como:

(*) Joana de Cusa, século I, queimada viva ao lado de cristãos em Roma.
(**) Sóror Juana Inês de la Cruz, religiosa e poetisa, no México (1651-1695).
(***) Sóror Joana Angélica de Jesus, religiosa e mártir da Independência do Brasil, em Salvador-BA (1761-1822).
(****) Joanna de Ângelis, benfeitora espiritual.